segunda-feira, 11 de maio de 2009

Três pontos em augúrio e algumas moedas

Marcando ritmo a passos largos e ainda com as solas sujas de barro e ele persiste pela rota alternativa que o levaria mais rápido ao seu objetivo.

Junto a sua força de vontade está seu violino, suas palavras que quase nunca são ouvidas e algumas moedas. Nada de muito estranho nem muito nobre para um pobre violinista.

A certa altura da trilha, não tão perto do fim e nem tão longe das porteiras de casa mas longe dos galhos que os seus acordes atrapalham ele senta as margens de uma ruina. Descanso, melodia e sede saciada se misturam ao cheiro transpassado das romãs que trazia consigo.

A cena é triste, mas a canção é bela. Falando pouco de muito e muito de pouco sobre a grandeza dos pequenos e a avareza dos grandes. Com suas notas ele podia prever, sentir e transceder pois era verdadeiro em seu ser.

Mas sua música não era ouvida, quase nunca. Ou se era, não era pelos ouvidos certos de que poderia jogar-lhe alguns dobrões e algum sorriso morno. Mas não era ela quem escolhia sua platéia, nem ela escolhia ver seus concertos. Eles só estavam lá.

E ao final da canção ele se levanta devagar como quem não tivesse realmente a pressa de partir ou de chegar a algum lugar. Passo a passo ele se distancia do seu palco de hoje saudando sua platéia formada por esquilos, passaros e formigas que ali sempre estiveram.

3 comentários:

  1. E no depois a ruína fica entregue ao vento, que sopra as melodias do violonista através das paredes empoeiradas. E o mundo segue girando, com esquilos, formigas e passaros cantando.

    ResponderExcluir
  2. Mas sempre a tempo para mais uma canção e algumas romãs e quem sabe talves alguns dobrões e até mesmo um bis ou só um sorriso.

    ResponderExcluir
  3. Ou simplesmente uma companhia. Ficar ao vácuo também é estar acompanhado. É estar livre. É liberdade desejada. É querer estar ali, mesmo que por rotina. Mas fazendo seu espetáculo!

    ResponderExcluir